quinta-feira, 18 de julho de 2013

"Salve Salvador!"

Ei pessoal!
Feliz novas viagens de 2013! Rsssss
Bem, cá estou sem terminar as postagens de 2012...
mas, com o correr das horas, se eu não começar logo a falar sobre os novos lugares de 2013 o ano termina e eu fico devendo mais 13...
Pra começar é isso aí...
Salve Salvador!


Fantástica a magia do lugar. Ainda que eu tenha me "derretido" ladeira abaixo em meio ao 'fervilhão' de gentes, sons, cores e axés.
Me derreti de calor e quase tive um 'treco' numa das ladeiras a caminho do belíssimo Pelourinho... colorido e lindo. Com seus solares seculares, suas sacadas coloniais e belas paragens para foto divertidas... 



- As portas de lá?
Puxa como são bonitas também...




e as janelas que se abrem para história adormecida, de um povo que acordou logo depois que deixamos a cidade... ainda bem!
Duas vezes 'ainda bem': porque acordou e porque eu não estava mais por lá pois acho que iria morrer com aquele ritmo. Um ritmo baiano que muitos dizem ser devagar! Pode até ser, mas é constante! Uma constância que tirar o fôlego até de mineiros, especialmente os de boca aberta e queixo caído em acarajés arrebatadores e arretados.
-Ê pimenta brava gente! Mas, bom demais!


E só não tem foto porque a boca ficou grande demais para abocanhar tudo de uma vez e porque o queixo tava com um pouquinho (lambuzado mesmo) de dendê!
- Ô delícia, gente!
Além do colorido e divertido vai e vem barulhento do povo baiano, a cor e o barulho do mar de lá são também um parágrafo à parte...
Tirando o verde e amarelo da bandeira, o azul e o verde do mar que quebra na praia...
" é bonito..." Caymmi já dizia! Bonito demais!


E quando a tarde engole o sol naquele horizonte deslumbrante, gente, também é demais! Itapuã, desculpem, nem tanto, mas o mar de lá, ainda é mesmo, lindo mesmo!
Esse pedaço bão da Bahia que eu não conhecia tem sim um bocado de coisa boa... um museu extremamente cuidado com uma sala cheia de uma coisa que nos enche de orgulho:  diversidade da nossa mata, catalogada numa coleção de mais de 600 livrinhos de madeira. Isso mesmo, uma coleção de livrinhos entalhados nas mais de 600 espécies de árvores que existem (existiam?) no Brasil.
Tem praças cheias de monumentos,


...ruas com copas fechadas em cima...


Ah, tem tanta, tanta coisa linda em Salvador que um finalzinho de semana só é corrido demais até para contar.

Vou ter que voltar lá!
- Não vamos?!

Um lugar sem igual chamado VISUAL!

Oi. Hoje eu vim aqui falar pra você de um "lugar" onde já estive mas que não existe mais... Não sei "pra onde" essa estrada, esse caminho vai me levar, mas tenho que publicar...
Um lugar sem igual chamado VISUAL!


A pesquisa a seguir, que acabo de responder, faz parte de um trabalho acadêmico ainda   inédito. É de uma aluna de Minas Gerais que estuda a inclusão na televisão...
E você, pode comentar, se também conhece esse lugar, pois se conhece também sabe bem...
o quanto é especial... ou pelo menos e 'por enquanto', era especial!

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Questionário Jornal Visual – Rede Minas
 1) Qual o motivo de se disponibilizar a intérprete de Libras no telejornal da emissora?
Nelyzeth Lisboa - A ideia original ocorreu no final da década de 80. Não conheço muito bem a história, sei apenas dos registros do material que ainda está na Rede Minas. Acredito que tenha sido uma iniciativa espontânea, de algum antigo colaborador já que, naquela época, ao contrário de agora, a Libras não era sequer reconhecida oficialmente no país. A manutenção da tradução em Libras, nos últimos anos, especialmente nos que acompanhei bem de perto, de 2007 até 2012, além de respeitar um público já cativo, a comunidade surda, também estava de acordo com determinações legais, previstas na Lei Federal 10.436 de abril de 2002, que segue: atenção para parágrafo em destaque e lembrem-se, a Rede Minas é uma TV pública:
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República.

2) Há uma preocupação quanto a localização, tempo, iluminação, e outros, do intérprete na produção do telejornal?
Nelyzeth Lisboa - Sim e não! Ao longo dos anos, o Jornal Visual foi se adaptando e até a última exibição, que se deu em março deste ano/2013, o formato era considerado o mais adequado para a compreensão dos surdos. Infelizmente, em termos de conteúdo e quanto a algumas artes (legendas) o padrão da Rede Minas deixava um pouco a desejar, mas, a falha pontual em alguns casos, era mais pela falta de estrutura física e de material humano que de conhecimento da emissora, ou seja, sabíamos que poderíamos avançar mais na qualidade do produto que “tem” um público cativo, mas, por algum motivo que ainda desconheço, não eram investidos recursos suficientes para avançarmos com o programa, tão importante no cenário da inclusão.
3) Por que da utilização da intérprete e não da legenda closed caption?
Nelyzeth Lisboa - A Libras é a língua oficial dos surdos. Estima-se que mais de 80% deles não sejam alfabetizados, pela simples razão de ainda não haver escolas bilíngües para todos e em todas as faixas etárias, ou seja, o closed caption, ainda não tem a abrangência que deveria, pelo menos até que consigamos oferecer escolas bilíngües ‘de qualidade’ para a alfabetização dos surdos  Libras é a melhor forma de comunicação com e entre eles.
4) Há alguma adaptação no script e/ou recursos gráficos de edição (como informações, gráficos, imagens que aparecem na tela) durante a produção do telejornal?
Nelyzeth Lisboa - Isto seria o ideal, infelizmente, por mais que tivéssemos um espaço exclusivo para os surdos, com a tradução em Libras, nem sempre era possível fazer nas reportagens as adaptações necessárias, especialmente quanto a aspectos como assuntos/pautas e artes. No entanto, 80% do que era exibido no Jornal Visual tinha sim boa ‘aceitação’ dos telespectadores surdos, afinal era o único programa da TV mineira, e um dos poucos do país a disponibilizar conteúdo em Libras .
5) Há adaptações sobre recursos sonoros (gravação do áudio e off de matérias)?
Nelyzeth Lisboa - Este é outro aspecto que variava de acordo com o responsável pelo fechamento do Jornal Visual. Durante os 4 anos em que estive à frente do programa, procurei sim, trabalhar os textos para que tivessem a menor margem possível de 'ruído', já que a Libras é uma língua ‘direta’ que não aceita muitas conotações. Costumo dizer que foi um desafio diário redigir de maneira criativa, atrativa e ao mesmo tempo direta. Aqui vale o comentário bastante pessoal: até a minha passagem pelo Jornal Visual sempre ouvi dizer que o jornalismo é o exercício da precisão e da concisão, mas nada se comprara ao fazer jornalismo para os surdos. Ao mesmo tempo em que a linguagem precisa ser direta, ela precisa trazer o maior número de informações possível já que muitas vezes o tema central da reportagem seja totalmente inédito para os surdos, pela simples falta de outras mídias em Libras. Não existe suíte de notícias, éramos sempre inéditos o trazer o fato para o Jornal Visual. Portanto, como sua pergunta se refere à questão do áudio... para os surdos esse é um aspecto indiferente, obviamente, mas para a intérprete faz sim toda a diferença, já que a tradução das reportagens ocorria de maneira simultânea, a interpretação para a Libras ocorria em cima da exibição dos textos e reportagens, num mesmo estúdio de gravação. Lembrando que o Jornal Visual era um programa gravado e que invariavelmente passava por edições (pós produção) antes de ser exibido.
6) Houve alguma divulgação para a comunidade surda e/ou demais telespectadores sobre a inauguração do telejornal?
Nelyzeth Lisboa - Infelizmente eu não estava na Rede Minas na época. O que posso te assegurar é que o fim do Jornal Visual não foi comunicado ‘oficialmente” à comunidade surda, o que eu lamento profundamente. Éramos o único produto jornalístico acessível os surdos, especialmente aos não alfabetizados, e, de certa forma, tínhamos um compromisso com eles que ia além da informação. Nossa responsabilidade estava também na integração social e familiar, especialmente para os que tem um surdo em casa; também na divulgação de vagas de trabalho, de cursos de capacitação para melhor prepará-los e inserí-los no mercado, dicas de cultura e entretenimento, especialmente das comunidades surdas espalhadas pelo país. Ou seja, é com lamento que vejo aberta hoje esta enorme lacuna, esse verdadeiro vácuo que se criou entre surdos e ouvintes.Colocando-me no lugar de um surdo vou além, sinto-me ainda mais pesarosa pois percebo que sequer “tenho voz” para questionar sobre a razão e a lógica do fim de um programa que falava a minha língua, o único programa onde conseguia entender primeiro na minha língua e depois na língua dos outros!
7) É sabida a importância desse recurso para o telespectador surdo?
Nelyzeth Lisboa - Sim. Tivemos inclusive uma pesquisa de abrangência do programa na grade da emissora e o Jornal Visual foi lembrado por boa parte dos telespectadores, não só os surdos mas também, o ouvintes que apoiavam a iniciativa, especialmente por tratar-se de uma nova alternativa de integração ouvinte/surdos, e vice versa.
8) Algum telespectador surdo já se manifestou contra ou a favor do uso do recurso?
Nelyzeth Lisboa - Sim. Por diversas vezes recebi e-mails com críticas, sugestões e elogios ao Jornal Visual. Lembrando sempre que boa parte veio mesmo do surdos, ainda que a grande maioria não alfabetizada e não tem como se manifestar por meio de mensagens e obviamente, por telefonemas, temos entidades que os representa, e que inclusive participaram por mais de uma vez do nosso Jornal: eles sempre se mostraram bastante satisfeitos com o “nosso esforço”.
9) Como foi definido o tamanho da “janela” da interprete? Visto que, em outras emissoras/programas o espaço é bem menor.?
Nelyzeth Lisboa - Em parte esta questão também já foi respondida anteriormente, mas posso complementar apenas que, em se tratando de programas/projetos de inclusão, praticamente tudo é novo no país. A lei que reconhece a Libras acaba de fazer 11 anos, e na própria Lei está previsto um tempo de “maturação” de 10 anos para que sejam feitas as adaptações necessárias até que a Lei “pegue”, ou seja, estamos engatinhando, começando agora a trilhar um caminho novo para a inclusão, especialmente para os surdos por meio da Libras. Infelizmente, na contramão vem a Rede Minas e extingue um programa de mais de 20 anos, um programa premiado e reconhecido como foi o Jornal Visual. Infelizmente eu não estava mais à frente do programa, também não sei se teria feito diferença quanto a decisão de tirarem o Jornal Visual do ar, fato é que eu lutaria caso tivesse como fazê-lo e hoje, lamento! Lamento profundamente que ao invés de termos investido para avançar com a proposta de levar mais conhecimento, informação, entretenimento em Libras para a comunidade surda, tenhamos andado pra trás. Infelizmente mesmo. Portanto, com todas as mudanças que o país VAI ATRAVESSAR, tenho fé nisso, dado a voz do povo nas ruas, vejo alguma perspectiva positiva para revertermos tal situação. O primeiro passo eu dei, do lado de fora da TV: estou matriculada em um curso de Libras na UFMG, venho me esforçando ao máximo para, quem sabe, um dia conseguir ser uma ‘interlocutora’ dos anseios de quem ainda tem tão ‘pouca voz’ nesse país que já tem o péssimo hábito de não ouvir o clamor do seu povo!
Att,
Nelyzeth Lisboa – julho de 2013